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Cardiopatia congênita

Doença de Parkinson

DOENÇA DE PARKINSON

18 de julho de 2017

Pós-doutor em Neurologia explica sobre a doença progressiva que afeta o sistema nervoso e dissimula os movimentos

A Doença de Parkinson (DP) atinge cerca de 1% da população idosa. Os sintomas têm início por volta dos 60 anos, sendo que em 10/15% dos casos, o início é mais precoce. O risco de desenvolvimento aumenta progressivamente com o avançar da idade.

A DP é uma doença degenerativa, ou seja, há morte prematura de certos tipos de neurônios (células do cérebro). Nesse caso, ocorre a degeneração de neurônios que produzem uma substância química chamada dopamina, fundamental para os nossos movimentos. Quanto menos dopamina é produzida, mais intensos ficam os sintomas. Ainda não se sabe exatamente o que desencadeia a morte destes neurônios, sendo que pesquisas têm avaliado o papel de fatores genéticos e do meio ambiente.

A hereditariedade é um fator determinante em cerca de 5/10% dos casos. A exposição contínua aos pesticidas em trabalhadores rurais e traumatismos cranianos são também fatores que aumentam o risco da doença. Contudo, na grande maioria dos casos, não se consegue identificar um fator causador.

A DP, em geral, se inicia com um tremor em uma das mãos, que, com o tempo, se intensifica e atinge outras áreas do corpo. A avaliação neurológica é fundamental, pois outras doenças causam tremores e podem se confundir com a DP.

Além do tremor, outros sintomas também afetam os movimentos, como lentidão, rigidez, dificuldade de andar e perda de equilíbrio, assim como pode provocar dificuldade da fala e da deglutição, alterações do sono, distúrbios do humor e, em estágios mais tardios, comprometimento da memória.

O diagnóstico é clínico, através do exame neurológico. Os exames complementares, como tomografia, ressonância e outros, servem para afastar outras causas para os sintomas. Não existe um teste que faça o diagnóstico com precisão, portanto, é o médico habilitado que é capaz de diagnosticar a DP.

Até o presente, não há meios eficientes de prevenir a doença. Além disso, a DP não tem cura. O tratamento é sintomático, visando melhorar a qualidade de vida do paciente. Nenhum tratamento, seja clínico ou cirúrgico, é capaz de interromper a progressão do processo degenerativo. Mesmo assim, é fundamental iniciá-lo o mais precocemente possível para minimizar o impacto dos sintomas da DP.

Os tratamentos disponíveis são:

Medicamentos: são vários os medicamentos, sendo que os mais importantes são à base de levodopa. Ao entrar no cérebro, esta substância se converte em dopamina, atenuando as consequências da falta de sua produção pelo cérebro. Estes medicamentos são muito eficazes durante alguns anos. Outros medicamentos podem também contribuir para atenuar os sintomas, sendo que tal escolha é individualizada e realizada pelo médico. O mesmo vale para eventuais interrupções ou trocas de medicamentos, feitas sempre por recomendação médica, com base nas características de cada paciente.

Cirurgia: é reservada para alguns pacientes, por exemplo, quando medicamentos não surtem o efeito desejado ou desencadeiam certos tipos de efeitos colaterais. A cirurgia não é capaz de curar e nem de interromper a progressão da doença e, também não elimina a necessidade de tomar os medicamentos. Ela pode, quando bem indicada, contribuir para atenuar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. A cirurgia mais eficaz consiste na implantação de um marcapasso que envia ondas para áreas específicas do cérebro. Chamamos isso de estimulação cerebral profunda.

Reabilitação: além do tratamento médico, é fundamental que o paciente tenha atividades de reabilitação, como: a Fisioterapia, que é importante para a melhora dos movimentos e do equilíbrio; a Fonoaudiologia, que contribui para a melhora da fala e da deglutição e a Terapia Ocupacional, que pode ajudar no desenvolvimento de habilidades e na melhora da autoestima. A reabilitação neuropsicológica pode contribuir para amenizar o impacto dos sintomas cognitivos, portanto, o tratamento da DP é multidisciplinar.


É importante:

Procurar o especialista quando os sintomas iniciam, permitindo diagnóstico e tratamento precoces.

Seguir sempre as orientações médicas, usando os remédios nos horários recomendados.

Manter uma vida ativa, aliando exercícios físicos, atividade mental e tratamentos voltados para a reabilitação.

Contar sempre com o apoio da família, que é fundamental para ajudar o paciente a conviver melhor com suas dificuldades e restrições.


Por Dr. Renan Domingues
Chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Cruz Azul

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