MUITO ALÉM DA DOR DE CABEÇA
9 de janeiro de 2020
Saúde Humanizada_Dr Renan Barros Domingues
Pós-doutor em Neurologia aborda o impacto da Cefaleia no dia a dia, que é uma das causas mais comuns de absenteísmo e presenteísmo no trabalho
Sinônimo de “dor de cabeça”, a Cefaleia pode ser causada por inúmeras doenças e, por ser uma das principais queixas acolhidas na Clínica Médica do Pronto-socorro Adulto (PSA), o Hospital Cruz Azul implantou um Protocolo Clínico inédito, com o uso do aplicativo “Dr. Cefaleia para Médicos”, que apoia o profissional nas suas decisões. Com isso, pretendemos melhorar cada vez mais a qualidade do atendimento, visto que são atendidos cerca de 1.500 desses casos por mês no PSA.
Considerando que mais da metade dos adultos apresenta alguma forma de Cefaleia, em cerca de 30% dessas pessoas, a dor é intensa o suficiente para prejudicar as atividades pessoais e profissionais, representando uma das causas mais comuns de comprometimento no trabalho, seja pelo absenteísmo, que é a falta propriamente dita, ou pelo presenteísmo, em que se trabalha fora das condições de saúde adequadas.
As Cefaleias dividem-se em primárias e secundarias. As primárias são muito mais comuns, como as Enxaquecas, a Cefaleia tensional e a Cefaleia em salvas, não sendo causadas por lesões cerebrais e, consequentemente, os exames, como a tomografia e a ressonância, são normais. Já as secundárias são mais raras, decorrentes de doenças como: Acidente Vascular Cerebral (AVC), Tumores, Trauma de crânio, Meningites etc. Portanto, na maioria das vezes, os exames não ajudam no estabelecimento do diagnóstico, que é feito pela história clínica.
PRINCIPAIS TIPOS DE CEFALEIA
CEFALEIA TENSIONAL
Diferente da Enxaqueca, a Cefaleia tensional é mais leve e não causa náuseas, nem intolerância a luz e barulhos. A dor, geralmente, é em peso ou pressão, não latejante e não se agrava com as atividades habituais.O diagnóstico é essencialmente clínico, sendo que nenhum exame aponta anormalidades. O tratamento das crises é feito com analgésicos e as medidas não medicamentosas, como exercícios físicos e psicoterapia, são igualmente úteis. Por vezes, é necessário o uso de antidepressivos de forma contínua.
ENXAQUECA
Disfunção neurológica em que o cérebro reage de forma anormal a certos estímulos do meio ambiente (alimentos, álcool, odores etc.) ou do próprio organismo (mudanças hormonais, estresse, falta de sono etc.).Afeta 15% da população adulta e, em especial, as mulheres. Crianças também podem ter enxaqueca. A causa é genética, portanto, filhos de pessoas com enxaqueca têm mais chances de ter o problema.O diagnóstico é clínico, sendo que os principais sintomas durante as crises são: Cefaleia latejante, náuseas e intolerância a luz e barulhos. O tratamento reduz a frequência e a intensidade, consistindo no uso de medicamentos durante as crises e como medida preventiva, além da mudança do estilo de vida.
CEFALEIA EM SALVAS
Trata-se de uma condição rara, que atinge cerca de dois em cada mil indivíduos, provocando uma das dores mais intensas que podem se manifestar no ser humano. Ocorre apenas de um lado do rosto, ao redor do olho, durando, em geral, até uma hora. As crises são acompanhadas de escorrimento nasal, olho vermelho, queda da pálpebra, sudorese e vermelhidão na face, todos no mesmo lado.Em 80% dos pacientes, tais crises vêm em “salvas”, ou seja, estão presentes por algumas semanas e depois desaparecem por completo por meses ou mesmo anos. A incidência é mais comum em homens, em fumantes e, ainda, existe relação com o consumo de álcool. O tratamento da Cefaleia em salvas é totalmente diferente das demais e costuma ser eficaz quando feito de forma correta.
DICAS
Procure identificar os fatores que causam a dor de cabeça
Opte por uma alimentação equilibrada e cuide do peso
Evite o consumo exagerado de álcool e elimine o cigarro
Procure um tratamento preventivo em prol de uma significativa melhoria da qualidade de vida
Pratique exercícios físicos regulares
Não se automedique
POR DR. RENAN DOMINGUES
Neurologista e Pós-Doutor, Chefe do Serviço de Neurologia da Cruz Azul
e Coordenador do Serviço de Cefaleias da Santa Casa de São Paulo