CORONAVÍRUS E AS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS NO OUTONO-INVERNO
28 de maio de 2020
Infectologista da Cruz Azul esclarece as medidas de prevenção para evitar a transmissão de patologias
Estamos entrando nas estações do ano que se caracterizam pelas temperaturas mais baixas, baixa umidade do ar e alta concentração de poluentes na atmosfera. Somando-se a isto, a necessidade de aquecer os ambientes, fechando janelas, impedindo a ventilação adequada e a decorrente aglomeração de pessoas respirando o mesmo ar. Este é o ambiente propício para a disseminação de agentes infecciosos transmissíveis pelo ar e por gotículas respiratórias, que também contaminam o ambiente.
Apesar de toda a população estar sujeita às doenças típicas da estação, os que mais sofrem são os que têm doenças crônicas, como alérgicos, portadores de rinite, asma, bronquite e sinusite. As infecções virais por si causam infecções e diminuem as defesas do hospedeiro, o que, muitas vezes, facilita o aparecimento de infecções bacterianas secundárias, causando pneumonia, otites e sinusites bacterianas.
As infecções respiratórias virais mais comuns são os resfriados e a gripe – doença causada pelo vírus influenza, para a qual é feita a vacinação anualmente. Outros vírus comumente encontrados são: rinovírus, vírus respiratório sincicial e parainfluenza.
Para se proteger e evitar as doenças, algumas medidas simples, ao alcance de todos, devem ser adotadas, tais como:
Evitar ambientes fechados com aglomeração de pessoas
Higienizar as mãos com água e sabonete com frequência; ou, quando não for possível, utilizar álcool em gel a 70%
Não compartilhar objetos pessoais, incluindo telefone celular
Limpar o telefone celular com álcool etílico, com frequência
Ingerir bastante água durante o dia, a fim de manter o corpo e as mucosas hidratadas
Adotar uma alimentação saudável, com frutas, legumes e proteínas
Não fumar ou frequentar ambientes com fumaça
Praticar exercícios físicos diariamente
Dormir o número adequado de horas
Limpar o ambiente de casa e do trabalho
Se estiver com sintomas respiratórios, ao tossir ou espirrar, cobrir boca e nariz com um lenço descartável ou com o antebraço, higienizando as mãos logo após
Tomar a vacina da gripe anualmente, que protege contra os principais tipos de influenza daquele período
Evitar contato próximo com pessoas doentes, mantendo de um a dois metros de distância
Evitar procurar serviços de saúde sem necessidade, pois nesses locais há concentração de pessoas com várias doenças que podem ser transmissíveis
Além das infecções citadas acima, lembramos que, no Brasil, ainda padecemos de outras doenças transmissíveis, como o sarampo, que tem circulado recentemente entre a população não imunizada por vacina e que não obteve a imunidade natural pela doença. Mas, para isto, felizmente temos disponível a imunização, aplicada gratuitamente para as pessoas de grupo de risco. Também não podemos deixar de citar a dengue, transmitida através da picada do mosquito Aedes aegypti, que se prolifera em locais onde há água acumulada, como pratos de vasos de plantas nas casas.
CORONAVÍRUS
Este ano, a sociedade está sofrendo com mais uma infecção viral, que teve seu surgimento na China no final de 2019, a COVID-19 (doença pelo coronavírus), causada pelo novo coronavírus, chamado de SARS-CoV-2, e que já se espalhou pelo mundo todo, inclusive o Brasil. Esta doença é altamente transmissível, por gotículas respiratórias e por contato com estas gotículas (por este motivo, a limpeza do ambiente é fundamental), além de altamente perigosa, pois toda a população mundial está sujeita a adquiri-la, uma vez que ninguém é imune por ser um vírus novo. As medidas para evitá-la são basicamente as mesmas citadas acima.
Na Cruz Azul, temos adotado medidas para diminuir o impacto desta doença nas atividades assistenciais, desde treinamentos das equipes, adequação dos espaços físicos, mudanças das rotinas, aquisição de equipamento de proteção individual apropriados e testes específicos, entre outras. Diariamente, o Comitê de Gestão de Crise se reúne com a área operacional, a fim de avaliar a situação e tomar decisões alinhadas com as necessidades, conforme o cenário se modifica.
POR DRA. JOYCE MARI STOCCO
Infectologista do Controle de Infecção Hospitalar da Cruz Azul
e Mestre em Doenças Infecciosas