DIABETES NA INFÂNCIA
3 de janeiro de 2018
Endocrinologista Pediátrica da Cruz Azul aborda os cuidados com a Diabetes tipo 1, que tem forte incidência em crianças
Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1), antigamente chamada de insulino-dependente, é uma doença crônica, autoimune, que afeta igualmente homens e mulheres. Embora geralmente comece em pessoas com menos de 20 anos, pode acontecer em qualquer idade, desde a fase infantil.
Ainda não conhecemos todas as causas que levariam a desenvolver Diabetes tipo 1, mas sabemos que os genes desempenham um papel importante, além de causas externas, como infecção por vírus, em que o sistema imunológico ataca erroneamente as células beta do pâncreas, as quais são responsáveis pela produção e liberação do hormônio insulina.
Muitas vezes, os sintomas são sutis, mas podem se agravar, com risco de morte: muita sede, boca seca, perda de peso, mais fome, náuseas e vômitos, dor na barriga, micção frequente, fadiga (sensação fraca e cansada), visão embaçada, respiração pesada, infecções frequentes da pele, trato urinário ou vagina. Alguns sinais são considerados mais graves e devem ser avaliados na emergência médica, como: agitação, confusão, respiração rápida, hálito de frutas (maçã velha), perda de consciência (condição mais rara) e dor abdominal mais intensa.
O diagnóstico de DM1 é simples, por meio da coleta de Glicemia (níveis de açúcar no sangue) ou exame de urina, significando que o corpo não pode mais produzir a própria insulina, logo, é preciso repor esse hormônio para ajudar as células no uso do açúcar no sangue. Dieta e exercícios adequados também podem contribuir para manter o nível de glicose em uma faixa saudável.
Pessoas com Diabetes tipo 1 devem tomar insulina todos os dias, geralmente através de uma injeção subcutânea. Alguns usam uma bomba de insulina que injeta por meio de um cateter na pele. É importante construir um plano de alimentação saudável para a manutenção dos níveis glicêmicos ideais e, para isso, uma equipe multidisciplinar é necessária, envolvendo Endocrinologista, Nutrólogo e Nutricionista.
Ao longo dos anos, os níveis elevados de glicose no sangue podem prejudicar nervos e pequenos vasos sanguíneos nos olhos, nos rins e no coração, além de ocasionar a arterosclerose, o que pode levar a ataques cardíacos.
Dentre as principais complicações, temos a Retinopatia Diabética, um problema ocular que ocorre em cerca de 80% dos adultos que tiveram Diabetes tipo 1 por mais de 15 anos. É rara antes da puberdade e pode levar à cegueira, se não tratada. Em caso de danos nos rins, cerca de 20% a 30% das pessoas recebem uma condição chamada Nefropatia Diabética, que é mais provável que apareça de 15 a 25 anos após o início do Diabetes. Isso pode levar a outros problemas graves, como insuficiência renal e doença cardíaca.
Diabetes pode danificar os nervos e levar à Neuropatia Diabética, causando uma perda de sensação e falta de suprimento sanguíneo aos seus pés, logo, pequenos cortes, especialmente no fundo dos pés, podem rapidamente se transformar em úlceras graves e infecções, já que a pessoa não consegue sentir ou ver os cortes, então, se não tratada a tempo, pode ensejar em uma amputação e perda de um membro. Por isso, é importante verificar os pés do diabético regularmente. Se perceber ferimentos, é crucial informar imediatamente o médico.
Infelizmente, ainda não existe cura da DM1, mas com o tratamento correto, é possível ter uma vida longa e saudável. A chave para uma boa saúde, nesses casos, é manter seus níveis de açúcar no sangue dentro do alcance normal, controlando-os com frequência através de medidas de glicemia capilar (Dextros), ajustar e corrigir glicemias altas com uso de insulina, alimentação saudável e equilibrada, juntamente com uma atividade física regular.
Portanto, é imprescindível ficar atento aos sintomas e realizar exames de rotina. No caso das crianças, a cada seis meses ou ainda anualmente, mediante indicação do Pediatra.
Por Dra. Maria Beatriz Souza
Endocrinologista Pediátrica da Cruz Azul