ENDOMETRIOSE
18 de julho de 2017
Cirurgião Ginecológico da Cruz Azul explica sobre a doença que atinge milhões de mulheres
Atualmente, a endometriose é responsável pela principal causa de dor pélvica crônica nas mulheres. Sua prevalência varia de 10 a 15% naquelas que estão em idade reprodutiva. A doença é caracterizada pela presença do endométrio (tecido que reveste o útero internamente) fora da cavidade uterina, sendo que este tecido endometrial pode se alojar em: ovários, tubas, peritôneo (ligamentos localizados atrás do útero), bexiga, reto e ureteres, causando diversos sintomas.
Porém, apesar dos avanços na medicina, ainda não se sabe ao certo o motivo do aparecimento da doença. Suspeita-se que tenha uma relação com a imunidade do organismo e um caráter genético, já que o risco aumenta de seis a sete vezes quando se tem histórico familiar em parentes de primeiro grau com endometriose.
É conhecida também como a doença da mulher moderna, pois seu surgimento parece ser influenciado pelo padrão de vida contemporâneo, ou seja, elas têm menos filhos e demoram mais para engravidar, além de passar por momentos estressantes com mais frequência. Todos esses fatores estimulam a exposição da mulher ao estrogênio, hormônio produzido pelos ovários que faz essa doença progredir.
A mulher com endometriose convive com dores que afetam a sua qualidade de vida, sendo que 38% das portadoras desta doença frequentemente faltam em seus serviços devido aos quadros intensos de dor. Isso acaba repercutindo no corpo de uma forma geral, podendo desencadear fortes dores de cabeça e alteração psicológica, gerando quadros de depressão em grande parte das pacientes pela dificuldade de tratamento e não compreensão dos amigos e familiares que estão ao seu redor.
As principais queixas correlacionadas a endometriose são: cólicas no período menstrual de intensidades variadas, dificuldade de engravidar em até 30 a 40% das mulheres que têm essa doença, dor na relação sexual, dor para urinar, sangramento na urina no período menstrual e, até mesmo, dor ao evacuar.
Para confirmar o diagnóstico é necessário fazer uma avaliação ginecológica adequada com exames de imagem realizados por médicos experientes, como o ultrassom transvaginal com preparo intestinal e/ou a ressonância magnética de abdômen e pelve. Outro exame que aumenta a suspeita para o diagnóstico de endometriose é a elevação do marcador tumoral CA 125.
Na maioria dos casos, o tratamento é realizado por meio da utilização de anticoncepcionais orais ou injetáveis, prescritos de maneira contínua (sem pausa), justamente para inibir a formação da menstruação e obter maior sucesso no controle da doença. Em casos mais graves, nos quais o tratamento medicamentoso não foi eficaz, a cirurgia torna–se necessária.
E será que existe alguma forma de prevenir esta doença? A resposta é sim! Hoje em dia, tem-se dado bastante relevância aos benefícios da atividade física na prevenção da endometriose, caso a prática seja regular e precoce. O exercício físico tem a capacidade de estimular a produção de endorfinas que agem de maneira inibitória na produção do estrogênio pelo ovário e, com isso, ajudam na prevenção e no tratamento.
Outro fator que vem ganhando bastante espaço na prevenção da endometriose, principalmente nas adolescentes, é a mudança no hábito alimentar. Uma dieta rica em frutas, vegetais, óleos de peixe como o ômega-3, produtos lácteos ricos em cálcio e vitamina D, provavelmente estão conectados com um menor risco de desenvolver a endometriose. Por outro lado, são fatores de risco: consumo de produtos industrializados ricos em ácidos graxos trans-insaturados, gorduras em geral, carne vermelha e álcool.
Portanto, é importante ficar atenta aos sintomas e, em caso de cólicas menstruais ou dores pélvicas, procure um ginecologista para realizar a investigação adequada do diagnóstico e tratamento.
Por Dr. Thiago A. Campos
Médico Cirurgião do Pronto-socorro
Ginecológico e Obstétrico da Cruz Azul
Info: Segundo a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), a doença afeta 176 milhões de mulheres no mundo, das quais seis milhões são brasileiras. Entre as que estão em idade reprodutiva (13 a 45 anos), 10% a 15% delas podem desenvolver a endometriose, assim como 30% têm chances de ficarem estéreis.
Devido à relevância do tema, a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde editou um protocolo clínico com diretrizes terapêuticas da endometriose, contemplando o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento das mulheres com esta doença