ENDOMETRIOSE TEM CURA?
28 de maio de 2020
Médico responsável pelos diagnósticos por imagem (ultrassonografia) da Cruz Azul fala sobre essa doença que causa dor pélvica crônica e infertilidade em mulheres
Segundo dados do Ministério da Saúde, uma a cada dez mulheres sofre com a endometriose, geralmente na faixa etária entre 25 e 35 anos, em idade reprodutiva. Entretanto, o tempo e a demora em identificar essa patologia são os principais fatores que atrapalham no tratamento de mais de seis milhões de brasileiras.
Desde que as meninas menstruam pela primeira vez, é bem comum sentir a tão famosa cólica (dor abdominal), no entanto, esse desconforto mais severo DEVE ser investigado, visto que pode ser algo mais sério, como a endometriose, que se caracteriza pela presença do endométrio fora da cavidade uterina, ou seja, é uma modificação no funcionamento normal do organismo.
Em outras palavras, é uma afecção inflamatória provocada por células do endométrio que, ao invés de serem expelidas, vão no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, voltando a multiplicar-se e a sangrar. Ainda não existe uma causa estabelecida, porém, estudos de especialistas indicam fatores imunológicos e genéticos, o que requer medidas preventivas, como a boa prática de atividade física e a alimentação saudável.
A dor é o principal sintoma da endometriose e, geralmente, se intensifica após os 25 anos de idade. Portanto, é preciso atentar para as cólicas intensas, aquelas que impedem as atividades rotineiras, lembrando que existem também as cólicas progressivas, que se agravam a cada ciclo menstrual. Além disso, a dificuldade para engravidar é outro sinal levado em consideração.
Essa doença tem afetado muitas mulheres, mais de 176 milhões no mundo, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE). Assim, a falta de informação, aliada aos exames simples, que impossibilitam um diagnóstico preciso, igualmente contribuem para atrapalhar e/ou atrasar o tratamento adequado. Logo, para diagnosticar com precisão, faz-se necessário utilizar métodos consagrados na prática médica e na literatura.
A detecção da doença começa com uma boa consulta médica. O exame ginecológico clínico é primordial para esse diagnóstico, possibilitando indicar o melhor tratamento. A seguir, um estudo completo, como o ultrassom endovaginal específico para mapeamento de endometriose superficial e profunda, se torna “padrão ouro” nesta investigação, propiciando mais segurança ao médico solicitante.
Esse exame, que envolve o ultrassom endovaginal para caracterizar anatomia pélvica, associado ao ultrassom de abdômen completo com o devido preparo intestinal prévio, possibilita um estudo dinâmico, com possibilidade de evidenciar formações aderenciais, em áreas hipo ou hiper vascularizadas das lesões e órgãos, diferenciando o conteúdo de diversos cistos, bem como a avaliação da presença ou não de infiltração das lesões nos órgãos, com o complemento da dopplervelocimetria colorida, também de rins, vias urinárias e estudo via transretal em casos específicos.
À luz dessa nova modalidade de exame, o ultrassom endovaginal simples ficaria limitado em face de uma avaliação mais aprofundada, o que, ainda, evita a realização de outros procedimentos mais complexos e onerosos.
Partindo do diagnóstico preciso, após um mapeamento criterioso, o tratamento (medicamentoso ou cirúrgico) depende muito do histórico de cada paciente, levando-se em conta diversos fatores, como a idade, a queixa de dor, a infertilidade, o desejo gestacional, a gravidade da doença, entre outros.
Por fim, sendo a endometriose uma doença crônica, não há cura definitiva, contudo, as mulheres notadamente podem ter mais qualidade de vida. Por isso, contem sempre com o Complexo Hospitalar e os Ambulatórios da Cruz Azul, pois a qualidade e a excelência fazem a diferença.
POR DR. FRANCISCO DE ASSIS LIMA JÚNIOR
Coord. do Serviço de Diagnóstico por Imagem (Ultrassonografia) da Cruz Azul
Diretor Presidente do Centro Diagnóstico UCD