CUIDADOS COM A PRESSÃO ALTA
2 de agosto de 2016
Cardiologista da Cruz Azul fala sobre a hipertensão, doença que prevalece na população masculina
A hipertensão arterial sistêmica (HAS), conhecida como pressão alta, é uma doença bem comum e a taxa de controle é muito baixa. Na população do gênero masculino a prevalência é de 35,8% e de 30% em mulheres até os 50 anos. A partir dos 50 anos, ocorre um aumento exponencial da prevalência de hipertensão em mulheres e a doença irá predominar então no sexo feminino.
A pressão alta tem elevada associação com acidente vascular encefálico (AVC), doença isquemia do coração (infarto), arritmias (exemplo a fibrilação atrial) e insuficiência cardíaca (falência do coração). Frequentemente, a hipertensão não dá sintomas e, quando presentes, estes são vagos e inespecíficos, sendo assim, o recomendado é aferir a pressão arterial periodicamente.
Não existe uma única causa para o desenvolvimento de hipertensão, ela é considerada uma doença multifatorial, em que a interação entre a genética e os hábitos de vida é fundamental para o surgimento da doença. Por exemplo, se um dos pais for hipertenso, haverá um risco adicional de 30% para desenvolvimento da hipertensão. Caso os dois pais sejam hipertensos, o adicional de risco será de 50%. Os hábitos e as influências do ambiente igualmente participam da origem da HAS, como: obesidade, excesso de consumo de sal, sedentarismo, abuso de álcool, dietas com baixas quantidades de frutas frescas e fatores socioeconômicos.
Para a correta aferição da pressão arterial, esta deve ser feita por uma pessoa capacitada, utilizando aparelhos calibrados e validados, respeitando as normas de medida da pressão arterial definidas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Os aparelhos de medida de pressão arterial de pulso, embora tenham se tornado muito populares, não são validados e não devem ser usados como método de diagnóstico da hipertensão, o qual é feito pelo médico após a verificação de pressão arterial elevada em, pelo menos, duas oportunidades diferentes.
No momento da aferição da pressão arterial, o indivíduo deve se manter em repouso por cinco minutos, estar de bexiga vazia, não fazer exercício uma hora antes, não comer, fumar e tomar café ou álcool 30 minutos antes, o braço deverá estar repousado na altura do coração, ligeiramente fletido e com a palma para cima, além de ser importante não falar durante a medição.
Uma vez diagnosticada a hipertensão, os principais cuidados que o indivíduo deve então ter são relacionados à mudança no estilo de vida, ou seja, hábitos saudáveis, tais como: atividade física regular, evitar o tabagismo, diminuir consumo de sal, evitar o sobrepeso e a obesidade, além de consultas médicas regulares.
Caso a hipertensão não seja diagnosticada ou tratada corretamente, o indivíduo pode sofrer complicações, reversíveis ou não, dependendo do tempo de evolução da doença e da gravidade: insuficiência renal (falência do rim), às vezes sendo necessário realizar hemodiálise ou transplante renal; acidente vascular cerebral (AVC) e alterações no coração, como hipertrofia de ventrículo esquerdo (o órgão aumenta de tamanho).
O tratamento da hipertensão depende da causa que o fez desenvolver a doença. Em 90% dos casos, classificamos como hipertensão essencial e o tratamento se baseia na associação das medidas como mudança do estilo de vida (controle de peso, consumir dieta rica em frutas e vegetais junto com alimentos com baixa densidade calórica e baixo teor de gorduras saturadas e totais, adotar dieta DASH, reduzir a ingestão de sódio para não mais que 2g [5g de sal/dia], limitar o consumo a 30g/dia de etanol para os homens e 15g/dia para mulheres, habituar-se à prática regular de atividade física aeróbica, como caminhadas, por, pelo menos, 30 minutos por dia, três vezes/semana, para prevenção e diariamente para tratamento), assim como medicamentos específicos, os anti-hipertensivos.
O perfil da medicação escolhida pelo médico é individual. Caso a hipertensão seja secundária a outras doenças, como as das glândulas adrenais, em alguns casos específicos, é necessário realizar a cirurgia para retirada do tumor produtor de hormônios.
Em suma, a hipertensão não tem cura, mas o controle da doença hoje é possível com o tratamento adequado. Procure sempre seu médico, afinal, a melhor forma de evitar complicações relacionadas à pressão alta e que, sobretudo aumentam mortalidade, é a prevenção.
Por Dra. Idália de Sousa Andrade
Cardiologista Clínica no Ambulatório de Especialidades
Hospital Cruz Azul de São Paulo