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Remédios para Emagrecimento

Remédios para Emagrecimento

Contra o efeito sanfona

20 de abril de 2016

Endocrinologista comenta sobre a preocupação com os remédios para emagrecer, que representam uma febre entre as mulheres


Obesidade hoje é considerada uma doença crônica, que atinge cada vez mais pessoas da nossa população. Alguns estudos apontam que a causa do excesso de peso é influenciada pelo estilo de vida e genes, porém, outros também mostram que a convivência com um parceiro tem mais influência do que os costumes de vida anterior, o que quer dizer que as pessoas de famílias com história de obesidade ainda podem reduzir seu risco mudando seus hábitos, mostrando que a mudança de estilo de vida é uma parte importante do controle do peso.

O diagnóstico e a classificação da obesidade são dados pelo índice de massa corpórea (IMC) por meio da fórmula em que dividimos o peso pela altura ao quadrado (Kg/cm2):

O IMC de 18,5 a 24,9 kg/cm2 é classificado em eutrófico (peso adequado);
De 25 a 29,9 kg/cm2, sobrepeso;
De 30 a 34,9 kg/cm2 obesidade grau 1;
De 35 a 39,9 kg/cm2, obesidade grau 2;
Maior ou igual a 40 kg/cm2, obesidade grau 3 ou mórbida.

A obesidade é um fator de risco para outras doenças como a hipertensão arterial, o diabetes melitus, a síndrome metabólica, a dislipidemia (aumento do colesterol), o acidente vascular cerebral, o infarto do miocárdio, a esteatose hepática (gordura no fígado), entre outras. Por tudo isso que o controle desta enfermidade se faz além da estética.

O tratamento clínico da obesidade é lento, gradual, multidisciplinar e pode durar meses. Às vezes, até pode ser contínuo, já que é uma doença crônica, que não tem cura, mas é passível de controle, assim como a hipertensão e o diabetes. Também é dividido em pelo menos 2 fases: a do emagrecimento propriamente dito, com mudança do estilo de vida, dieta e, muitas vezes, uso de medicação e a posterior manutenção, que é onde a maioria das pessoas abandona o acompanhamento médico e que pode ter a recidiva do peso eliminado (o chamado efeito sanfona).

A intervenção terapêutica para perda de peso é eficaz quando há redução maior ou igual a 1% do peso corporal por mês, atingindo pelo menos 5% em 3 a 6 meses, o que já diminui de forma significativa o risco para diabetes e doenças cardiovasculares. A indicação de uso de medicamentos é dada quando o paciente tem o IMC igual ou superior a 30kg/cm2; ou IMC igual ou maior 25kg/cm2 associado a outros fatores de risco; ou com circunferência abdominal maior ou igual a 102cm no homem e 88cm nas mulheres.

Atualmente, nosso repertório para tratamento medicamentoso da obesidade está um pouco limitado, pois algumas das drogas usadas com boa eficácia foram retiradas do mercado do Brasil, como os derivados das anfetaminas, que eram usadas anteriormente com ótimos resultados, mas devido ao seu uso exagerado e alguns efeitos colaterais, como aumento da pressão arterial e do risco cardiovascular quando mal indicados para pacientes que não poderiam usar a medicação.

As opções terapêuticas que são de primeira linha para tratamento no Brasil são:

A sibutramina, que age no sistema nervoso central (SNC), tem ação na saciedade e tem efeito anorexígeno. Pode ter como efeito colateral mais importante a variação discreta da pressão arterial;

O orlistate, que inibe 30% da absorção das gorduras ingeridas, as quais serão eliminadas pelas fezes. Quase não é absorvido pelo SNC;

Também são usados medicamentos em que nos aproveitamos dos seus efeitos secundários ajudando a perda de peso, como alguns antidepressivos, como, por exemplo, a fluoxetina e a bupropiona, os mais usados; o topiramato que inicialmente foi usado para tratamento da epilepsia, porém tem efeito interessante na diminuição ponderal quando usado isolado ou associado com outro composto; e agora a sensação e esperança do momento, a liraglutida (Saxenda®), que hoje é usada para tratamento do diabetes, porém, estudos revelaram que em doses mais altas, também é eficaz para o tratametno da obesidade e, em breve, estará no mercado brasileiro ainda este ano;

Por vezes, também lançamos mão de alguns fitoterápicos como tratamento adjuvante;

Cabe ressaltar que modismos que aparecem na mídia, como o goji berry, água do quiabo, óleo de coco etc. não têm suporte científico de que realmente são eficientes.

Cada medicamento ou associação tem um perfil de paciente específico a ser usado, portanto, a consulta com o médico especializado é fundamental para avaliação clínica e laboratorial. Devemos, antes de iniciar o tratamento, descartar qualquer doença que possa ser a causa da obesidade. Logo, o acompanhamento com nutricionista, educador físico e até amesmo o psicólogo algumas vezes é necessário para que o tratamento seja eficaz e o resultado, permanente. Além da mudança do estilo de vida que é mandatória para a manutenção desse resultado.

 

Por Dra. Melissa Collela Aragão
Endocrinologista da Cruz Azul de São Paulo e da Prefeitura de Guarulhos, com especialização em Nutrologia Médica

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